Tenho meus óculos sobre a estante
E tenho meus olhos sobre a poltrona.
Estes daqueles não saem um instante,
Pondo meu eu à imagem matrona.
Por eles sou o que sou: um normal:
Que não pode a vida sem suas lentes;
Que não pode ser vivo sem canal;
Que não pode excetuar-se das gentes...
Tenho meus olhos e tenho meus óculos,
E, através deles, um mundo feliz,
Até que alguém me ofereça binóculos.
Então revejo tudo o que não fiz,
E meus regalos em tão falsos rótulos.
Agora, veja, sou louça... sou de giz...
(Dinho, eu mesmo - 05/2009)