domingo, 3 de abril de 2011

Outra crônica

Resenha Crônica

Neste exato momento começa a nascer a resenha das resenhas e a crônica das crônicas. É verdadeiramente uma na outra, entrelaçadas e costuradas como uma única criação.
Ainda por ser publicada, esta crônica será resenhada durante seu próprio nascimento, numa espécie de autocrítica contínua e infindável. Por outro lado, quem vier a ler esta crítica verá que ela analisa um texto metalingüístico, cuja abordagem indica, nas entrelinhas, como não se deve resenhar uma crônica; se é que esta é passível de ser resenhada.
O autor das obras aqui presentes inicia seus trabalhos com uma perfeita noção do que é ser presunçoso e abusado. Seu senso de autocrítica, logo de inicio, parece estar bem distante da serenidade de saber o que está ou virá a escrever. Prova disso é a ousadia do escritor ao se referir ao presente texto como “obras aqui presentes”.
Daí então, ver-se-á que, de qualquer pessoa que venha a ler isto, surgirá a seguinte questão: quais são as obras aqui presentes?
Para começar, uma resenha deve ter a objetividade de indicar sobre o que ela está falando. E para isso, é necessário que seu objeto de análise exista de fato e possa ser comprovado - nesse caso, lido. Bom, se isto aqui é uma resenha, obviamente eu, você ou qualquer outra pessoa está lendo uma análise. No entanto, não me parece que ela está falando de um outro texto propriamente dito. Além do mais, isto tampouco me parece uma crônica, visto seu corpo não estar de acordo com o tipo textual apropriado. Ou seja, não vejo aqui nem uma resenha nem uma crônica. E quer saber por quê?
Porque, para uma crônica, esta coisa aqui não tem um começo bem definido. Não tem um desenrolar de fatos claro, objetivo. Não é um ”causo” em si. Não tem trama, conflito, nada. Ao ler uma coisa como esta, não se sabe como começou a leitura nem como ela terminará.
Portanto, isto não é uma crônica. E se não o é, não existe. E se não existe, não pode ser resenhada; não sendo, consequentemente, uma resenha também.
E para matar de uma vez esse problema crônico literário, é melhor que ninguém mais insista em ler isto, visto que a presunção do escritor juntou-se à confusão do narrador, o qual já não sabe se é um autor enlouquecido ou se é um crítico criado para um texto que nem nasceu.

(Dinho, eu mesmo - 04/2011)


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