quarta-feira, 30 de março de 2011

Hipócrita Humano

Para,                               des-
                              
                    ser                 
                                              
                         Humano!
                
 Hipócrita
                                               
                                                                           É


Fácil


Demais...





Dinho, eu mesmo – 03/2011

quinta-feira, 24 de março de 2011

Um sonho transcrito num poema


Não estou

A perder-me de vista
 Nos horizontes alheios do mundo,
Que o destino incerto me engula e me invista
Em repente futuro fecundo...
Sumo-me e não me vejo
Estagnado num mundo fixo;
Pois o fixo não me dá ensejo
E o previsto é sempre monótono, prolixo...
Ao leste, ao sul; ao oeste ou ao norte...
Não sei e não me sinto confuso;
Porque não tenho direção que me importe
E somente ao acaso é que me conduzo...

Querendo alguém me encontrar em lugar algum,
Que não me cace onde me exija pouso.
O nomadismo, pois, é minha vida comum,
E sob copas e céus incertos é onde repouso...
  

(Dinho, eu mesmo - Agosto de 2010)

terça-feira, 22 de março de 2011

Que tal uma crônica?

Dejavú

A impressão que tenho algumas vezes, quando estou diante de certas situações, é a de que já as vivenciei. É como se eu já tivesse visto a sequência dos fatos antes de todo mundo. O problema, porém, e isso é o que mais me intriga, é que o final dos fatos nunca é como na, digamos, previsão. Parece mesmo que esse tal Dejavú só acontece para evitar que as coisas terminem como deveriam terminar.

Eis que um dia a professora de Português pede para fazermos uma redação - uma crônica, para ser mais exato. E não é que me vem esse tal Dejavú!

Como que em transe, começo a visualizar toda a atividade: a sala em silêncio, as recomendações da professora, o nervosismo de alguns alunos ante o desafio de uma redação e, é claro, a minha tranqüilidade, a minha soberania. Sim, eu estava me sentindo um soberano da literatura. O meu causo já estava na ponta da língua - quero dizer, na ponta da caneta, pronto para surpreender as expectativas da professora com a melhor crônica da classe.

Sobre o que eu iria escrever? Ah, o pior é que eu não sabia. Porque na verdade o Sr. Dejavú não pôs somente um causo na ponta da minha esferográfica, mas vários. E mais ainda: ele não teve o bom senso de me avisar que o tempo estava passando e que eu precisava me decidir.

E passando foi o tempo... os outros alunos, entregando seus textos... a professora já corrigindo-os... e eu...? Bom, eu tamborilava a mesa com as pontas dos dedos, como a embalar a fuga da minha criatividade montada num Dejavú também fugitivo. E olha que eu sabia que uma crônica era um texto não muito longo, sobre algo do cotidiano e engraçado, sem muitos personagens e não sei mais o quê. Mas a danada não me saía e a professora já me perguntava repetidas vezes se eu já havia terminado.

De repente, uma luz! Ou melhor: uma escuridão!!! A professora estava vindo em minha direção. Só restávamos nós dois na sala. E veio-me outra visão, outro Dejavú. Triste. Desolador.

Apenas para me complicar, dessa vez o fim dos fatos foi igualzinho ao da minha visão. Para a minha infelicidade, o Dejavú não alterou em nada a minha real situação. Pois a professora me dispensou sem que eu tivesse feito nada de crônica. Sem que eu tivesse nada para comentar com os outros "cronistas". Enfim, sem nenhuma avaliação.
 (Dinho, eu mesmo- 03/2009)

sábado, 19 de março de 2011

Um soneto à sua interpretação

 Beba da minha fonte eterna-graciosa
 De água límpida e com uma essência de rosa
 E terá de volta toda a sua juventude
 Bem como o seu maior tesouro: a sua virtude


 Provaram da minha fonte tantos outros seres
 Que hoje são exemplos de direitos e deveres
 E voltando a ser jovem com sua atitude
 Cada um deles atingiu sua plenitude


 Agora sou eu quem lhe convida a vir beber
 Dessa pura água a qual renovará seu ser
 E lhe fará uma pessoa em magnitude


 E terá ainda você o sucesso amiúde
 Com uma vida juvenil e assaz graciosa
 Não haverá jamais fortuna mais preciosa


(Dinho, eu mesmo - 02/2011)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Mais um poema para reflexão

Lixo?

Uma casca de banana maltrapilha,
Que adormece e sobrevive na sarjeta.
Não tem pai nem mãe, irmãos, avós ou filha.
Limpa pára-brisas por uma gorjeta.

 
Tiraram-lhe as ruas a sua essência,
Transformando-a em lixo sem qualquer casta.
E disso os transeuntes não têm ciência.
Não há sequer uma alma p’ra dizer “basta”.


A primeira estrofe é qualquer humano;
As outras falam do que lhe acontece,
Tal qual dia tão feio um podre burguês


Humilhou e pisou no pobre fulano.
E, falando tão baixo quanto uma prece,
 “Pisei e pisaria mais uma vez”.


(Dinho, eu mesmo - 02/2011)

quarta-feira, 16 de março de 2011

Um simples poema para reflexão

Motivos pelos quais o homem se perde em si mesmo

Quando o homem perde o tato ao solo,
O paladar das palavras,
O olfato às verdades,
A visão aos contextos,
E a audição ao alheio...


Ele perde, também, o espaço aos seus entes...

Dinho, eu mesmo (03/2011)